quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Obra

OBRA: é uma coisa tão grande, tão cheia de detalhes, mas tão complicada, que a gente nem sabe por onde começar.
Uma fundação mal feita, abala todo estrutura -- você terá uma casa com rachaduras, incapaz de suportar uma reforma que envolva a construção de um andar superior, ou até mesmo problemas estruturais graves que podem efetivamente condenar a casa. Por isso, não tente fazer economia impensada nesta fase. Os primeiros passos serão simplesmente fundamentais para o restante da obra.
um dos primeiro passo é contruir uma casinha de material.  Esse material extra será necessário, depois, para ligar equipamentos como betoneira, compactador, perfuratriz de sondagem ou de fundação, etc.



Contratar uma empresa especializada em sondagens de terreno é fundamental. Na verdade, isso já deve ter sido feito antes mesmo da fase de projeto da casa, mas se você comprou um terreno novo e quer aproveitar um projeto que já estava pronto, pode ser preciso redesenhar o projeto de fundação. É uma empresa assim que pode descobrir as características do terreno, e o laudo de sondagem é a informação básica para que o engenheiro calculista defina o tipo de fundação mais adequado. O custo de uma sondagem é de aproximadamente R$ 800,00 (valores de 2006, em Brasília), o que não é exatamente barato, mas que vale muito a pena se considerarmos os riscos de uma fundação mal feita.
materiais que serão utilizados, e comprá-los -- basicamente, areia lavada, cimento, brita e ferros de diferentes medidas.
Por isso, pode ser necessário também alugar uma betoneira para misturar o concreto.
  • Caso a fundação definida pelo projeto seja de estacas com mais de 3m de profundidade, ou de estacas Strauss (usadas quando é preciso passar do lençol d´água), é preciso contratar uma empresa com o equipamento para a furação. Pode ser que a mesma empresa que fez a sondagem também faça esse tipo de serviço.
BALDRAME:
 alicerce, chame como quiser -- trata-se do "pé" da casa. Lembrando que "vigas" são iguais às colunas, só que ficam na horizontal, o baldrame é o conjunto de vigas interligadas que se sustenta sobre a fundação.

O CONTRAPISO:
 é a primeira camada de concreto que se lança sobre a terra nua para formar aquilo que depois chamamos de piso. Não é preciso que seja muito grosso, ou de concreto muito forte, e também não precisa ser absolutamente lisinho e nivelado.
Nesta etapa é preciso observar bem o que o projeto define como tubulação subterrânea e tomar os devidos cuidados para impermeabilização. Esta etapa é bem rápida, coisa de três dias mais ou menos.

  • Comprar toda a tubulação de esgoto que corre pelo piso: ralos, caixas sifonadas, caixas de gordura, tubos, joelhos, luvas, tampas para caixas de inspeção, etc),

  •  com alguns caps de diferentes medidas. Esses caps são peças no mesmo material dos canos, que servem para tampá-los durante a obra

  • Isso é importantíssimo para evitar que caiam concreto e outras sujeiras nos canos, o que comprometeria MUITO as saídas de esgoto e causaria entupimentos constantes.

  • Também é preciso comprar algum material de eletricidade: conduítes (mangueiras corrugadas ou eletrodutos) para as fiações, já em quantidade suficiente para as fases de alvenaria e reboco; fita isolante para amarrar os conduítes; e o material necessário para fazer o sistema de aterramento elétrico da casa, fundamental para evitar que raios queimem sua geladeira e seu computador.
 Normalmente é suficiente comprar alguns metros de fio de cobre desencapado de 8mm ou 10mm (comumente chamado de cordoalha) e três estacas de cobre.






  • Se este contrapiso tem contato direto com a terra, uma boa dica de impermeabilização é comprar uma tesoura e lona -- sim, aquela lona preta. Mas não é qualquer lona, não: lona é fabricada em diferentes espessuras e a mais adequada é a de 20 micrômetros (simplesmente, 20 micra).  Ela é vendida em rolos, com 4m ou 8m de largura, devidamente dobrados para facilitar o transporte, e não é preciso contratar frete para isso. É preciso comprar pelo menos o dobro da medida da área construída, porque essa lona será colocada em duas camadas sob todo o contrapiso e contornando, por cima, as vigas do baldrame.E, é claro, o pessoal da obra sempre vai achar alguma outra aplicação para lona, como fazer uma barraquinha com sombra ou cobrir os tijolos.
















  • Conferir previamente o posicionamento dos quadros de energia, telefone, comunicação e antenas, para passar logo os eletrodutos subterrâneos que forem necessários
















  • Definir os desníveis que separarão os cômodos. Nem sempre eles estão no projeto, e poucas coisas são tão irritantes quanto água escorrendo para a sala quando se lava a cozinha, por exemplo. O nível final será dado numa fase seguinte, antes do assentamento do piso, mas definir os níveis aqui poupa material.












    • Aqui é quando a obra FINALMENTE parece estar andando -- até agora, você gastou OS TUBOS de dinheiro e ainda não teve a sensação de estar fazendo algo de útil. É a etapa de subir as paredes, de botar tijolo sobre tijolo. Os cômodos surgem, já dá para ter uma certa noção de espaço (mas sempre parece menor do que é na verdade, não se iluda!), e é uma fase rápida. Atenção em duas palavras mágicas: esquadro e prumo. Os pedreiros e o mestre de obra devem estar muito atentos a isso. O esquadro é a angulação entre uma parede e outra, como se a obra estivesse sendo vista do alto. Normalmente é de 90 graus, pode ser intencionalmente diferente disso, mas a mínima diferença em relação ao previsto significa que você vai ter que fazer um cômodo "torto", com aquele piso que numa ponta tem 10 azulejos e na outra ponta tem 10 e meio. Já o prumo é o alinhamento vertical da parede: a não ser que o seu arquiteto e você gostem de coisas exóticas, parede boa é parede retinha, e não uma que parece que vai cair.


    • Comprar cimento, areia lavada, areia rosa, brita, arame recozido, pregos e tábuas para as formas das colunas. Também é preciso comprar ferros para as colunas, para as cintas (que são as vigas do alto das paredes, onde o telhado se sustenta) e para as vergas e contravergas, nomes quase indecentes para pequenas vigas ou barras que ficam no alto e embaixo de cada janela ou porta. Elas nem sempre são definidas no projeto estrutural da casa e isso faz com que normalmente falte ferro no fim da obra. Mas, sem elas, surgem aquelas rachaduras diagonais que saem dos cantos das esquadrias e se espalham pela parede -- um detalhe de acabamento que ninguém gosta


    • Conferir ou definir, antes de começar, a altura de cada cômodo. Isso é o chamado "pé-direito" da obra, sabe Deus por quê. Nem sempre o projeto é detalhado em relação a isso, e é preciso considerar coisas como desníveis existentes na casa (um cômodo pode ficar com altura boa mas outro ficar baixo demais) e a existência de tubulação de esgoto no andar superior (que vai exigir o uso de forro no teto). A medida normal fica entre 2,60m e 2m90.



    • Encomendar a laje ainda durante a fase de alvenaria, pois ela demora alguns dias para ficar toda pronta. Se você pensa em usar beirais, que ficam por baixo do madeiramento do telhado nas partes em que eles se estendem além das paredes, avise a empresa, porque poderá ser necessário aumentar o cálculo da área da laje.

    • De material elétrico, comprar as caixinhas octogonais de altura dupla que são usadas para fixar luminárias de teto, e mais conduítes se necessário. Quem quiser pular etapas, pode aproveitar o embalo para comprar também as caixinhas de parede que serão usadas para tomadas e interruptores (simples ou duplas) e para luminárias de parede (octogonais de altura simples, pequenas ou grandes).

    • Comprar escoras de madeira, tambem chamadas indecentemente de paus roliços. São usadas para apoiar a laje depois que ela é montada e concretada, e devem ficar montadas por pelo menos 30 dias para garantir a secagem da laje.

    • Se houver andar superior, comprar toda a tubulação de esgoto que será usada, com os respectivos caps de proteção.

    • Onde houve banheiro ou uma varanda aberta, pode ser preciso tomar alguma medida para impermeabilização da laje, que pode ser com lona ou com algum produto específico. O engenheiro RT pode dar umas boas dicas sobre isso.
              • TELHADO:
                Se não houver outro andar, já é hora de fazer o telhado -- assim, pode-se continuar o resto do trabalho sem preocupação com chuva, e a própria obra pode servir de depósito para mais material. O telhado, porém, costuma ser caro, principalmente quando é dos tradicionais, com madeira e telhas de cerâmica. Existem telhas de vários formatos, tamanhos e cores, e das medidas delas é que se tira a conta do madeiramento que será necessário -- também em diversas madeiras existentes. As combinações são inúmeras. Para minha casa, adotei telhas do tipo americana -- parecem as coloniais, mas são grandonas, com menos peças por metro quadrado, e por isso são mais leves e, mesmo sendo mais caras por milheiro, saem mais em conta. Ah, na cor mesclada, aquela branca que parece queimadinha na outra ponta. Para madeira, dado o preço salgado do tradicional e ultra-resistente ipê, usei angelim vermelho -- uma madeira bem forte, que não agrada os cupins, e que vem sendo muito adotada no lugar do ipê. Mas tem a característica de feder a chulé enquanto não está devidamente seca...
                O material é relativamente fácil de encontrar e, dependendo da escolha, não precisa ser comprado com tanta antecedência. Mas é preciso pegar no pé do mestre de obra ou do engenheiro RT para se fazer a lista de materiais necessários, que normalmente não são definidos nas plantas do projeto.

              • Comprar madeiramento com pelo menos 3 dias de antecedência, duas brocas longas para madeira, um disco de serra para madeira e um para cerâmica, disco de lixa (com disco de borracha), barra rosqueada do diâmetro da broca com as respectivas arruelas e porcas (sai mais barato que comprar parafusos), pregos para as ripas, telhas (pelo menos 2 dias de antecedência), cumeeiras das telhas (são vendidas por unidade).
              • Como eu já disse, existem muitas opções para o madeiramento, mas os principais e mais recomendados são o ipê, o angelim, o cumaru (também chamado de ipê-champanhe, mais claro e um pouco menos resistente que o ipê comum) e maçaranduba. Você já deve ter lido em vários lugares para comprar madeira já envelhecida e seca, que não empena, mas eu não encontrei nenhuma madeireira que tivesse material assim, porque elas não se arriscam a trabalhar com estoque grande e a rotatividade do material é alta. O que você pode fazer é já deixar acertado que, em caso de empenamentos, o material terá que ser trocado. Se a madeireira não aceitar essa condição, procure outra! E, se o telhado não é aparente, considere com carinho a opção de usar estrutura metálica em vez de madeira -- o número de empresas especializadas é crescente e os preços estão ficando bem melhores, ``as vezes até mais em conta do que madeira. Só que, nesse caso, a instalação não será feita pelo pessoal do mestre de obra, e sim pela empresa.
              • Outro truque maldito das madeireiras: um bom projeto de telhado vai incluir medidas rigorosamente especificadas e de certa forma padronizadas para as vigotas, mas no mercado você vai se deparar com a maioria das lojas vendendo apenas vigotas cortadas em medidas ligeriamente menores do que esse padrão. Óbvia mutreta para fazerem a madeira render mais. E, acredite, cada centímetro de espessura faz uma diferença BRUTAL na resistência da madeira. Não aceite medidas menores, não caia em papo de vendedor do tipo "ah, essa medida ninguém trabalha mais, agora só tem essa aqui" ou "pode levar que não vai fazer diferença!", e só aceite uma medida diferente se for para mais, ou seja, maior. Certamente vai sair mais caro, mas se você não fizer isso será enorme a probabilidade de que em 6 meses ou menos seu telhado fique completamente envergado.
              • Se os recursos permitirem, vale a pena comprar a chamada subcobertura, que é uma manta aluminizada colocada entre o madeiramento e as telhas. É coisa cara, mas serve para isolar o calor e, principalmente, impede goteiras causadas por deslocamento das telhas. Se o dinheiro estiver curto, pode-se usar lona, que não é a mesma coisa mas é melhor do que nada.
              • O telhado pode ser extremamente caro, especialmente em casas térreas. É altamente recomendável que, depois da última telha colocada, você dispense o pessoal por uns meses, deixe a obra parada, termine de pagar o material e só retome a construção depois que refizer as economias.
              Instalações
              INSTALAÇÃO:
               Depois de gastar uma boa grana com ferro e cimento para a fundação, essa é a próxima etapa que come dinheiro. As paredes são "rasgadas" para a instalação dos canos, dos registros, das caixinhas de tomadas. O material não é tão caro assim, vá lá, mas também não é baratinho como tijolo, e quem quer fazer uma casa que preste não pode abrir mão de usar materiais da mais alta qualidade possível -- não tem coisa pior do que ter que quebrar parede para trocar um registro, consertar cano que rachou, essas coisas. Se é que vale a opinião, lá vai: tubulação pra mim é Tigre ou Amanco/Fortilit, registro é Deca ou Tigre!
              Essa fase é uma das mais chatinhas. O mestre de obra NUNCA vai te dizer exata e precisamente o que você precisa comprar. Depois que você chegar da loja com o material, ele vai olhar pra você e perguntar "você comprou a luva de 100?", e você vai querer esbofetear o miserável porque ele nunca tinha falado de luva nenhuma. Por mais que o engenheiro RT ou você mesmo se esmere em calcular quanto vai precisar de cada coisa -- luvas, joelhos de 90 graus, joelhos de 45 graus, registros, etc -- sempre vai faltar alguma coisa na hora em que os caras vão montar os tubos. Fora que, não raramente, eles erram, e aí é difícil aproveitar alguma coisa de um trecho de tubulação que precisou ser cortado fora.
              A solução? Faça logo um acerto prévio com o dono da loja de materiais de construção mais próxima da obra, ou com o fornecedor preferido do mestre de obra, para que, quando faltar alguma coisa em cima da hora, eles possam ir lá e pegar, para que você pague depois. Ou deixe que o mestre de obra pague e você se acerta com ele depois. É, tem que confiar, fazer o quê? O pessoal das lojas é compreensivo quanto a isso e não cria problemas. Eu apelei para algo mais preventivo: copiei para folhas de papel, em escala, as plantas baixas da cozinha e dos banheiros, e desenhei cada uma das paredes -- é como se você tivesse desmontado uma caixa de papelão e estivesse olhando para ela do alto. Daí desenhei cada uma das saídas de água ou esgoto nas paredes, desenhei a tubulação, e tirei as medidas dentro da escala. Acho que é o mais próximo que se pode chegar do quantitativo de material final... Mesmo assim, não se esqueça de comprar canos e conexões com uma certa "margem" de sobra.

              • Comprar material bruto de água quente e fria (canos, cola PVC, joelhos, tês, válvulas de descarga, registros, plugs, material para a caixa d´água). Registros que controlam a água em todo um ambiente são de gaveta; as torneiras de chuveiro são registros de pressão. Por razões de tradição, os registros usam roscas com medidas em polegadas, enquanto os tubos de PVC (soldáveis com cola PVC, daí o nome "cola" para as conexões) já são vendidos com medidas em milímetros, e para ligar um com o outro é preciso usar adaptadores de rosca para cola. O registro de pressão precisa de um adaptador e uma luva LR (aquelas de plástico azul, que têm uma rosca de metal por dentro em uma das pontas); e o registro de gaveta leva dois adaptadores.
              • Não se esqueça de incluir nos cálculos dos tubos de esgoto (normalmente, os de 40mm) as colunas de ventilação, que devem partir da tubulação do chão até algum ponto de saída de ar sobre o teto da casa. Sem essas colunas, são grandes as chances de você ter um banheiro com aquele agradável aroma de... merda. Se o ar do sistema não tiver por onde sair, ele vai retornar pelos ralos, por exemplo.

              • Se isso já não foi feito, comprar as caixinhas de interruptores, caixinhas octogonais para iluminação de parede (altura simples), mais conduítes se necessário, quadro de distribuição de energia (normalmente de embutir, observar as entradas para conduítes) e quadro de telefone.

              • Definir e discutir amplamente com o mestre de obra e o instalador onde ficarão as tomadas, os interruptores e suas respectivas luminárias, saídas de antena de TV e telefone, pontos de interfone e alarme, etc. Não precisa ser tudo igualzinho ao projeto, mas é preciso deixar bem claras as alterações.

              • Definir os locais exatos das saídas de água, especialmente a altura delas, de acordo com o tipo de pia que será utilizado. Existem as torneiras de parede, que devem ser colocadas mais altas do que a pia, e as torneiras de mesa, que são instaladas na própria pia, ligadas à saída de água por uma mangueira apropriada, e por isso exigem que a saída de água fique mais baixa do que a pia. Nos banheiros, a válvula de descarga de embutir deve ficar a aproximadamente 100cm do piso.

              • Definir localização das saídas de esgoto nas paredes. A altura dos sifões depende da altura das pias: em pias de bancada com cuba embutida, a saída para o sifão fica a cerca de 60cm, e a distância entre o sifão e a bancada varia em torno de 20cm.

              • Conferir na planta a altura e o alinhamento vertical das saídas e torneiras de chuveiro (com posicionamento da caixinha de tomada). As torneiras do chuveiro devem ter uma altura em torno de 110cm. A saída do chuveiro fica entre 200cm e 210cm acima do piso -- a não ser que haja jogadores de basquete na casa.
                 REBOCO:
                 propriamente dito é uma mistura de cimento e areia (dos tipos rosa e lavada) que é mais fina e frágil que o concreto, que leva brita. Primeiro essa massa é salpicada na parede, formando o chapisco. Depois, grandes colheradas dessa massa são arremessadas com força na parede (uhuu!) para formar o emboço. E aí sim o pedreiro, com uma imensa barra retangular de alumínio (a régua), alisa esses bolões de massa para deixá-los completamente nivelados e lisos, formando o reboco.
                A fase de instalação deve ser muito bem planejada e conferida depois de pronta porque quebrar reboco para mudar alguma coisa dá pena, e pode até dar muito trabalho se ninguém mais lembrar onde exatamente estava passando aquele maldito cano. Aqui é meio caminho andado para o acabamento, e já se deve começar a pensar nos revestimentos de parede que serão utilizados. É preciso caprichar na massa: um reboco que leve muita areia, para economizar cimento, fica frágil e farelento demais, o que, na prática, significará muita dor de cabeça na hora em que você quiser bater um prego na parede para colocar um quadro, por exemplo.
                ESQUADRIAS:
                Na fase de reboco você já precisa ter em mente uma parte do acabamento que quer para a casa. As esquadrias são um exemplo disso. É nessa fase que são instaladas as janelas e portais, em se tratando de esquadrias de metal, PVC ou madeira; ou são feitos os enquadramentos se você optou por janelas e/ou portas de vidro temperado (o popular blindex). "Enquadrar" uma janela é simplesmente rebocar a parte de dentro dela, deixando-a com um aspecto já finalizado, do jeito que ela vai ficar para receber a pintura e o vidro.
                As portas internas, especificamente as de madeira, são compostas por diversos itens. Atualmente algumas madeireiras vendem kits de portas que são instalados de uma só vez na fase de acabamento, com espuma de poliuretano. Para usar esses kits, só é preciso deixar os portais enquadrados. Já no sistema tradicional (que ainda é mais barato), é na fase do reboco que você precisa comprar e instalar os portais, apenas eles -- comprar as portas em si e os alisares (as molduras que ficam em torno dos portais) é arriscado, pois eles podem pegar sujeira, mofo e umidade enquanto não chega a fase de acabamento, que é quando eles realmente são instalados. Decida desde já se suas portas, e os respectivos portais e alisares, serão pintadas ou envernizadas: se você quer manter a tonalidade natural da madeira, será preciso instalar os portais já selados e envernizados, para que o cimento não cause manchas. Na hora de comprar verniz, será preciso escolher entre brilhante e fosco, e também entre o tipo comum (também chamado de "Copal", sei lá por quê) e o tipo marítimo (mais resistente e fundamental para áreas que recebam chuva ou muita luz direta do sol). E não se esqueça de comprar os pregos, que serão fincados nos portais para fixá-los à alvenaria.
                Para as esquadrias de metal, a recomendação é comprar tudo de uma vez, se for possível. Assim, você poderá negociar um preço mais baixo, e principalmente poderá comprar todas as portas e janelas de uma mesma linha estética. As esquadrias de alumínio são bem leves, não enferrujam e precisam de pouca manutenção, mas são mais caras do que as de ferro (aproximadamente o dobro ou triplo do preço), e pelo fato de poderem manchar em contato com o cimento, e também por normalmente terem espessura menor do que as de ferro, exigem que a mão-de-obra já tenha experiência com elas -- não é qualquer zé ruela que pode mexer com alumínio, em outras palavras, e por isso antes de comprar já pergunte ao mestre de obra se ele tem o conhecimento necessário. Por outro lado, as janelas e portas de ferro, relativamente baratas, mais fáceis de instalar e em grande variedade de modelos e medidas, exigem pintura impecável para que não se enferrujem com facilidade (o que invariavelmente vai acontecer em algum momento).
                O vidro temperado é uma opção não exatamente barata, até porque vai exigir a instalação de cortinas e/ou persianas posteriormente, mas dá um visual moderno que vem sendo muito utilizado. As portas e janelas de blindex não permitem furos ou cortes depois de prontas, e por isso é fundamental que a própria empresa fabricante/revendedora mande alguém na obra para tirar as medidas, depois que os enquadramentos já forem feitos (ou até mesmo depois da pintura, se possível). E atenção a um detalhe -- as janelas de blindex normalmente usam para-peitos (ou peitoris), de mármore ou granito, e muita gente gosta de usar molduras externas ao redor delas. Pois bem: depois do requadramento, já chame a empresa que vai fazer e montar essas molduras (para o exterior, elas devem ser de concreto, e não de gesso). Depois que elas estiverem instaladas, chame a empresa vendedora dos peitoris, para que um revendedor tire as medidas já somando a espessura das molduras à espessura das paredes (o ideal é que, no lado de fora, o peitoril ultrapasse a moldura em 0,5cm ou um pouco mais). E só depois chame o vidraceiro, que levará mais uns 15 dias para entregar o material sob medida. Não cometa o vacilo que eu cometi, de comprar os peitoris antes das molduras, o que me obrigou a exigir que o produtor das molduras as fizesse mais finas que de costume.
                • Jamais, de jeito nenhum, sob qualquer hipótese, nem a cacete caia naquela velha idéia de fazer o reboco com areia saibrosa, também chamada simplesmente de saibro. Para quem não conhece, é um tipo de areia argilosa, bem clarinha, constantemente úmida. Misturar isso ao cimento é uma técnica antiga e infelizmente popular para fazer o cimento "dar liga" e grudar melhor na alvenaria. Mas meu tio Alexandre certa vez me ensinou: "meu filho, saibro é barro. O que acontece se você misturar barro no cimento? Estraga seu cimento". É bem verdade e eis ainda uma outra explicação mais técnica: a areia saibrosa é rica em compostos orgânicos que um dia simplesmente apodrecem. Isto posto, é fácil concluir que em pouco tempo uma parede rebocada com saibro vai literalmente apodrecer e mofar. Não é mera teoria: um colega de trabalho, dia desses, estava se lamuriando por ter feito isso, e me dizendo que vai precisar desmanchar o reboco inteirinho e refazer. A receita certa para o reboco leva apenas areia lavada, areia rosa e cimento. Para dar liga e tornar o cimento mais plástico, uma boa dica é misturar gesso em pó ao reboco, o que também acelera seu endurecimento.

                • Comprar cimento, areia rosa, régua de alumínio, linha para nível. Também pode ser preciso comprar espátula e colher de pedreiro.

                • Comprar as bancadas que precisam ser chumbadas na parede -- pias de granito e inox, por exemplo. Conferir a altura em que elas devem ficar.

                • Conferir de novo, antes da execução, as medidas e posição das esquadrias (altura das janelas e portas em relação ao teto, etc). Normalmente o ideal é que a parte de cima de todas as janelas e portas esteja nivelada, mas isso pode mudar de acordo com desníveis da casa. O importante é que não seja preciso quebrar tudo depois de pronto para colocar na altura certa!
                PISO E REVESTIMENTOS:
                Você queria acabamento?? Aqui começa o dito cujo. Pode ir coçando o bolso porque aqui começa a parte mais cara da obra. Ou não. As opções são incontáveis, e muitas vezes materiais bem simples podem se tornar acabamentos lindos quando passam por mãos devidamente habilitadas. Depende do seu gosto e da sua capacidade de aceitar (ou rebater) sugestões.
                • Comprar as soleiras das portas, que costumam vir em medida padrão (80cm ou 90cm de largura) e são cortadas com serra na própria obra. O resto depende do material adotado. No caso de cerâmicas, é preciso comprá-las com um excedente de uns 15%, porque se perde muito nos cortes para rodapé e ajustes, e é sempre recomendado guardar algumas peças para o caso de reparos e reformas, já que os desenhos e padrões oferecidos pelos fabricantes são mudados de tempos em tempos. Além delas, argamassa e rejunte. Os pedreiros sempre gastam mais argamassa do que o calculado pelos vendedores; portanto pode ser providencial levar um ou dois sacos a mais. Pode ser preciso comprar também juntas espaçadoras, de plástico e em formato de cruzeta, que mantêm o esquadro do piso e têm a espessura que se deseja para o rejunte.

                • Antes de ser colocado o piso de cerâmica, é feito um segundo contrapiso, num material semelhante ao reboco, que corrige as irregularidades e determina tanto a eventual inclinação do piso (o popular caimento) quanto o desnível que separa os cômodos ou ambientes. Antes da execução, definir e discutir com o pessoal da obra quais serão esses desníveis. E para testar a inclinação dos pisos, antes que a massa seque, usar bolas de gude ou algo similar.

                • No caso de piso de banheiro, é preciso não apenas fazer um rebaixo de pelo menos 1,5cm na área do chuveiro: se o banheiro tiver cobertura de cerâmica de meia-parede e apenas no box receber cerâmica por completo, é preciso também definir que tipo de fechamento será usado (box de acrílico, box de vidro temperado, cortina). O box de acrílico com esquadrias de alumínio tem cerca de 4cm de largura, e o emolduramento da área de chuveiro, proporcionado pela cerâmica, deve ter no mínimo essa espessura (contada a partir do rebaixo do box no piso), para que não fique uma fresta entre a esquadria de aumínio e a parede sem cerâmica. Já o box de vidro temperado é menos espesso, e basta um emolduramento de pouco mais de 2cm.

            • Conferir o local exato e o tamanho das esquadrias, inclusive o posicionamento e tamanho das vergas e contravergas.

            • Mesmo quando não há andar superior, as paredes não acabam depois que chegam à altura da laje -- elas devem seguir até o telhado, dependendo do desenho adotado pelo projeto. Nesse caso, é preciso conferir até que altura elas vão seguir, e a inclinação que devem proporcionar ao telhado.

            • Ao se chegar no alto das paredes, antes de construir as cintas, é preciso conferir DE NOVO os pontos das colunas e das vigas superiores que devem ter esperas para água, esgoto e conduítes de energia, telefone, antena, etc.

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